As tendências atuais da sífilis são alarmantes, com números sem precedentes desde o início dos anos 1990. A sífilis primária e secundária tiveram aumento de incidência de17,6%, tendo sido relatados mais de 27.800 casos, ou seja, uma frequência de 8,7 pessoas por 100.000.1 Quanto à sífilis congênita, houve um aumento substancial em sua incidência, sendo Louisiana, Nevada e Califórnia os Estados com o maior número de casos. Apesar das pessoas de raça negra terem a mais alta taxa de sífilis por 100.000, a incidência da doença está aumentando em todas as raças e etnias.1
A penicilina benzatina é um tratamento eficaz e comprovado para sífilis, mas atualmente esse medicamento está em falta no mundo todo.2 Outros tratamentos adequados são:
O uso de ceftriaxona 1-2 mg IM por 10-14 dias mostrou resultados incertos quanto à eficácia, e a azitromicina em dose única de 2 g tem limitações de uso em homens que fazem sexo com homens (HSH), pacientes HIV-positivos e gestantes. Um estudo recente comparou a eficácia do uso de minociclina 100 mg 2x ao dia por 28 dias com o tratamento tradicional com penicilina benzatina em pacientes com sífilis primária e secundária, e as taxas de remissão dos sintomas e cura sorológica foram maiores no grupo minociclina (87,3%) em comparação com o grupo que recebeu penicilina benzatina (77,5 %).3
Atualmente, a sífilis está ressurgindo. Na maioria dos casos o cancro aparece no genital, mas as lesões podem ocorrer também em outras áreas, como a mucosa oral, e por isso é importante examinar o corpo todo. Em cerca de 5% dos casos de sífilis, o cancro tem localização extragenital (primariamente lábio e língua, mas podem incluir placas mucosas, pilares amigdalianos, palato).4-5 A sifílide anular pode ocorrer na área peri-orofacial de negros e hispânicos.
O quadro de apresentação tradicional inclui lesões solitárias, endurecidas e indolores na virilha. No entanto, também pode haver múltiplas manifestações atípicas. As apresentações anormais na virilha podem incluir grandes úlceras com centro necrótico doloroso ou não, comprometimento da glande e da extremidade distal do pênis, ulcerações grandes, brancas, de aspecto necrótico, e até mesmo lesões grandes que se assemelham a carcinoma espinocelular. Também é possível haver concomitância de um cancro primário com lesões secundárias patognomônicas de sífilis secundária. Nesses casos, é alta a probabilidade de coinfecção por HIV.
Lesões faciais exuberantes também devem levantar a suspeita de sífilis, já que a sífilis nodular e maligna (Lues maligna) pode se apresentar como sífilis florida ou ulcerações faciais com febre.6-8 A sífilis também pode se manifestar por uma alopecia em placas ou com aspecto de “roído de traça” e, portanto, esses quadros atípicos também devem ser investigados como possíveis condições relacionadas a sífilis.9
Declaração de vínculo: O apresentador declara que não existem vínculos relevantes para o conteúdo desta apresentação.
Redigido por: Debbie Anderson, PhD
Revisado por: Victor Desmond Mandel, MD