Feedback AAD 2018

RESUMOS

Dermatite atópica

Atualização sobre terapia tópica para dermatite atópica

Apresentado por Amy S. Paller, MD, FAAD Professor and Chair of Dermatology, Professor of Pediatrics, Northwestern University, Feinberg School of Medicine, Chicago, IL, USA
  • Reconhecer a necessidade de prevenção como método de tratamento proativo em pacientes de alto risco.
  • Revisar as novas e atuais terapias pesquisadas que podem se mostrar úteis no tratamento da dermatite atópica.

A prevenção é uma abordagem ativa de combate à dermatite atópica (DA). Na verdade, diversos estudos mostraram correlação entre o comprometimento da barreira e o risco de DA.1-3 Analisando a perda de água transepidérmica (TEWL) como estado funcional da barreira em lactentes de apenas 2 dias de vida, Kelleher et al. puderam correlacionar um aumento de 7,1x no desenvolvimento de DA aos 12 meses com níveis de TEWL no quartil superior.1 Paralelamente, pacientes do quartil inferior tiveram efeito protetor contra o desenvolvimento da DA. É importante mencionar que já com 2 dias de vida houve correlação, independentemente da presença ou não de mutação no gene da filagrina do paciente.1 Esses achados sugerem ainda mais a existência de uma janela de oportunidade para a prevenção da DA.

Estudos randomizados e controlados conduzidos nas primeiras semanas de vida em bebês de alto risco demonstraram que a terapia emoliente desde o nascimento constitui uma estratégia viável, segura e eficaz para prevenção da DA.2,3 Um estudo mostrou redução de 50% no risco relativo (IC 95%, 0,28-0,9; P=0,017) em relação ao placebo aos 6 meses de idade, com aplicação de terapia emoliente no corpo todo.2 Outro estudo mostrou resultados semelhantes: com 32 semanas, 32% menos bebês tratados com emolientes comparado ao placebo haviam desenvolvido DA (P =0,012).3 Portanto, se for confirmado em estudos de maior porte, a terapia emoliente desde o nascimento seria uma intervenção simples e de baixo custo para reduzir a carga global de doenças alérgicas.

No esforço de combater o desenvolvimento da DA, foram feitas pesquisas sobre deficiências da pele e estudada a reposição das deficiências. Eskai et al. conduziram um estudo que quantificou a filagrina em adultos e crianças com DA e mostraram que, apesar da característica infrarregulação em adultos com DA, a expressão de filagrina foi semelhante em crianças com DA e crianças saudáveis.4 Portanto, a deficiência de filagrina não é um fator na DA pediátrica precoce (a menos que haja uma mutação), enquanto no adulto ela pode refletir a exposição crônica a citocinas e S. aureus.

Outras análises de defeitos na barreira revelaram que pacientes com DA têm níveis muito reduzidos de lipídeos no estrato córneo, tanto na pele lesada quando não lesada.5

Os inibidores de fosfodiesterase 4 (PDE4), como o crisaborole, previnem a degradação do cAMP em AMP.6 Níveis intracelulares aumentados de cAMP ativam a proteína-quinase A e suprimem a transcrição de citocinas pro-inflamatórias.6 Dois estudos de fase 3 (NCT02118766 e NCT02118792) demonstraram eficácia com o uso do crisaborole.7 Foi demonstrada uma melhora >30% após 4 semanas utilizando Avaliação Global Estática pelo Investigador (ISGA) em ambos os estudos, além de melhora do prurido na comparação com placebo. Melhora com crisaborole foi definida como ISGA de 0 (limpo) ou 1 (quase limpo) no dia 29 com melhora de 2 ou mais graus em relação ao basal.7

Também foram reunidas informações sobre a segurança do uso tópico de crisaborole aplicado por via tópica em crianças e adolescentes.8,9 Os resultados demonstraram elevações mínimas ou inexistentes do nível no sangue e ausência de sinais de segurança clinicamente importantes. Finalmente, no estudo de segurança aberto de 48 semanas, os eventos adversos emergentes do tratamento (EAET) mais comuns foram queimação e ardência no local da aplicação, que ocorreram em 2,3% do grupo do crisaborole.10

Embora o crisaborole seja o primeiro inibidor de PDE4 aprovado pela FDA para o tratamento da dermatite atópica, outros estão atualmente em desenvolvimento, incluindo (Veja https://clinicaltrials.gov/ para estudos relacionados a estes inibidores de PDE4):

  • OPA-15405
  • E6005/RVT-501
  • DRM02
  • GW842470X
  • Leo-29102.

Os Inibidores da Janus Kinase tipo I (JAK1), como tofacitinibe, mostraram resposta rápida no tratamento tópico da DA.

Um estudo de fase IIa, de 4 semanas, randomizado, duplo-cego e controlado por veículo (NCT02001181) conduzido em 69 adultos com DA leve a moderada, demonstrou eficácia significativamente maior da pomada de tofacitinibe vs. veículo, com rápido início de ação e,  segurança/tolerabilidade local comparáveis às do veículo.11 Houve absorção sistêmica detectável limitada, baixa frequência de eventos adversos emergentes do tratamento (EAET), ausência de eventos adversos sérios e nenhum caso de descontinuação por EAET. A redução percentual média em relação ao basal na semana 4, medida pelo escore do Índice de Gravidade e Área do Eczema (EASI) foi significativamente maior (P<0,001) com tofacitinibe (-81,7%) vs. veículo (-29,9%).

A pomada de JTE-052, um inibidor pan-JAK, vem mostrando resultados semelhantes em DA em um estudo clínico de fase II, multicêntrico, randomizado, controlado por veículo (JapicCTI-152887).12 Foram tratados 327 pacientes, por 4 semanas duas vezes ao dia, 23% dos que receberam a dose mais alta (3%) alcançaram ISGA de 0 ou 1 com melhora ≥2 vs. 3% com veículo (P=0,04). Desses pacientes, 90% tinham doença de gravidade moderada. A melhora observada pela diminuição do EASI modificado (mEASI) também foi estatisticamente significante com todas as doses de JTE-052, tendo havido redução do mEASI em relação ao veículo, resultados de -42 na concentração 0,25% e de -73 na concentração 3% (todos P<0,001) vs. Resultado de -12 no grupo que utilizou apenas o veículo. As reduções do prurido diurno e noturno também foram significativas (P<0,001) em todas as concentrações. O escore da escala numérica de intensidade do prurido (NRS) diminuiu já na primeira noite de uso. A pomada de JTE-052, em concentrações de até 3%, foi segura e bem tolerada.

Finalmente, tapinarof (GSK2894512) é um tratamento tópico de origem natural que demonstrou eficácia em pacientes com psoríase e DA.13 As propriedades anti-inflamatórias desse medicamento são mediadas através da ativação do receptor de aril hidrocarboneto (AhR). Tapinarof, um agonista de AhR, aumenta a expressão da proteína de barreira e tem qualidades e efeitos semelhantes aos do alcatrão, sem as limitações comuns do uso deste. O tratamento tópico de camundongos sem deficiência de AhR com tapinarof resulta em reduções do eritema, do espessamento da epiderme e dos níveis de citocinas teciduais, determinadas pelo composto.13

Principais mensagens

  • A prevenção deve ser considerada uma abordagem primária para limitar o desenvolvimento da DA em pacientes de alto risco.
  • A terapia tópica é um importante componente do tratamento da DA para reparo da barreira e administração de compostos anti-inflamatórios.
  • Novas terapias tópicas mostram resultados promissores por pouparem o paciente do uso de esteroides, e podem ser particularmente importantes em áreas sensíveis, como manutenção e intervenção terapêutica.


REFERÊNCIAS

Declaração de vínculo: A apresentadora declarou ser consultora das seguintes empresas: Eli Lilly, Galderma, Genentech, GSK-Stiefel, Novartis, Pfizer, Sanofi-Regeneron e Valeant e conduzir pesquisas atualmente para Galderma, Incyte, Leo, Pfizer, Regeneron.

Redigido por: Debbie Anderson, PhD

Revisado por: Victor Desmond Mandel, MD


RESUMOS

Acne

Acne: O que há de novo

Hillary E. Baldwin, MD, FAAD

Dermatite atópica

Atualização sobre terapia tópica para dermatite atópica

Amy S. Paller, MD, FAAD

Atopic Dermatitis

Dermatite atópica: Novos desenvolvimentos

Lawrence F. Eichenfield, MD, FAAD

Cosmecêuticos e cosmiatria

Cosmecêuticos: naturalmente absurdos

Zoe Diana Draelos, MD, FAAD

Cosmecêuticos e cosmiatria

Tópicos atuais em Cosmiatria

Anthony V. Benedetto, DO, FAAD

Tumores de pele, Melanoma

Tumores de pele em crianças 2018

Jane M. Grant-Kels, MD, FAAD

Tumores de pele, Melanoma

Atualização sobre melanoma 20188

Allan C. Halpern, MD, FAAD

Tumores de pele, Melanoma

Estratégias atuais de tratamento do melanoma

Daniel Ethan Zelac, MD, FAAD

Alopecia

Assuntos cabeludos: O que há de novo em alopecia

Wilma Fowler Bergfeld, MD, FAAD

Doenças infecciosas

HIV em 2018

Kieron S. Leslie, MD, MBBS, MRCP, DTM&H

Doenças infecciosas

Aventuras na sífilis

Theodore Rosen, MD, FAAD

Pacientes pediátricos

Como devo escolher um agente sistêmico para psoríase?

Amy S. Paller, MD, FAAD